COPEL APRESENTA
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Quem visita a sede da Gibiteca de Curitiba é saudado pelo Punk Afonso. Seu display de madeira fica entre as estantes de quadrinhos, junto a uma série de outros personagens da cidade. Ele foi pintado por Rodrigo Belato em 2017, quando o punk completou 30 anos.
Tudo que Belato fazia era com muito empenho. Além de Afonso, o mais conhecido, o artista criou outros personagens, como Pingo do Espaço, Homem Desbravador, Yasmin, Décio (Graphic Novel de 12 volumes voltado para o público LGBT) e o Rodriguinho, seu alter ego biográfico em quadrinhos.
Rodrigo também tocava, com amor e afeto, a Casa Cultural Belaboni, ao lado de sua esposa, a cantora Dany Nascimento. Deu aulas de quadrinhos no MuMa, e vai deixar saudades nos corações de muitos alunos com quem promoveu exposições, concursos entre várias outras ações.
Nosso estimado quadrinista era frequentador da Gibiteca e um dos nossos “Traços Curitibanos”. Rodrigo nasceu em São Paulo, onde começou a desenhar aos 9 anos. Formou-se em arte e computação gráfica em 1998, trabalhou com produtoras de games, com desenhos animados e áudio para multimídia. Foi diretor de arte do estúdio PORÃO 2D Produções, criando e produzindo para editoras e escolas de todo Brasil. Foi o pioneiro em revistas em quadrinhos digitais para tablets e smartphones no país, além de palestrante e curador de projetos educacionais itinerantes.
Esta é uma homenagem ao nosso querido colega, que nos deixou no dia 24 de junho, em meio à pandemia. Aqui, releituras do seu “Punk Afonso” criadas por Amanda Barros, Andrea Horn, Antônio Eder, Ariel da Cunha, Celina Pacheco, Christiano Carstensen Neto, Daniel Gonçalves, Dias Silveira Ganço, Edson Kohatsu, Fabrizio Andriani, Fulvio Pacheco, Gabriel Baltazar Souza, Luri Kohatsu, Marcelo Bitencourt, Marcia d´Haese, Marcelo Lopes, Marcos Vaz, Ma Matiazi, Natan SS, Rodney Rauth e Thiago Sales. Todos sentimos muito a ausência do grande Belato.
Fulvio Pacheco, coordenador da Gibiteca de Curitiba
Fundação Cultural de Curitiba
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Fiquei devastado quando recebi a notícia de que nosso amigo Rodrigo Belato tinha nos deixado. O ano de 2020 se mostrava terrível em muitos aspectos. Mas com essa partida precoce e muito sentida, se revelou ainda mais penoso. Quando recebi o convite para falar sobre Rodrigo e homenageá-lo, fiquei muito feliz. Porque era a possibilidade necessária de ressaltar o artista e a pessoa que conheci.
Não éramos amigos íntimos. Encontrava o Rodrigo em eventos e exposições, mas sinto que mantínhamos um tipo de “amizade da arte”. O conheci em uma exposição, em que ele e Dany Nascimento mostravam os trabalhos de seus alunos. Rodrigo me convidou para ser jurado de um concurso envolvendo a escola. A exposição foi show, os trabalhos idem e a sorveteria onde ela foi realizada, um charme à parte.
Sempre que nos encontrávamos, rolava um papo legal, uma troca de vivências. Discutíamos esse complexo mundo da arte e de como nós, artistas, somos resilientes, ainda mais como professores. Também ficava claro para mim seu prazer em lecionar, apesar das dificuldades em se construir e manter uma escola de arte.
Foi o elo que nos uniu em amizade: a alegria em lecionar. Rodrigo aliava sua produção artística (aliás, muito mais diversa que a minha, pois ele cantava, desenhava e tocava), com as aulas na escola.
A “Casa Cultural Belaboni”, manteve-se forte e com alunos e cursos regulares, promovendo a arte, os quadrinhos, o desenho e a música.
Por experiência pessoal, sei das dificuldades em se manter uma escola de arte em Curitiba. Sempre enfatizo, no entanto, que a alegria nos olhos do aluno que consegue fazer um desenho, ou que aprende a dominar uma técnica artística, por meio de nossas dicas, não tem preço. Acho que Rodrigo concordava com isso.
O artista Rodrigo Belato era muito atuante, tanto na região sul (onde a escola tem sede), quanto nas reuniões da criação do Setorial de Ilustração, nos eventos da Fundação Cultural de Curitiba, nos cursos, palestras e exposições da Gibiteca e nas Comicons, como a Bienal de Quadrinhos Curitiba, onde a gente batia cartão.
Rodrigo mantinha viva a produção de HQs com seu personagem Punk Afonso, que há mais de 30 anos permeia o mundo imagético dos quadrinhos. Suas criações conversam com as crianças, adolescentes e adultos, e sua versatilidade plástica pode ser conferida em sua profícua produção, em quadrinhos autorais e coletivos.
Talvez para nós, artistas e mestres, este seja o grande legado de Rodrigo: transmitir e mostrar nossa arte para outros. Por essas afinidades pessoais, enfatizo que era sempre um prazer encontrá-lo e trocar ideias. Fica aqui, assim, o registro de uma amizade com uma grande admiração artística mútua.
Rodrigo Belato, seu prazer pela docência e sua percepção artística vão fazer muita falta. Principalmente nesses tempos difíceis que vivemos.
Um grande abraço, amigo!
Marcelo Lopes
Rodrigo Belato.
Exposição dos 30 anos do Punk Afonso na Traços Curitibanos 2 comemorativa dos 35 anos da Gibiteca (2017)
Apresentação do Punk Afonso no painel sobre Personagens Curitibanos no Shinobi Spirit (2017).
Punk Afonso
Organização
Gibiteca de Curitiba
Curadoria
Fúlvio Pacheco
Textos
Fúlvio Pacheco
Marcelo Lopes
Revisão
Cristiano Castilho
Áudio
Dany Nascimento
Projeto Gráfico
Franco Palioff
Agradecimentos
Dani Nascimento, Casa Cultural Belaboni
e a todos os artistas participantes da
homenagem.