HQs em Curitiba: história rica e criação constante
A história nos conta: desde o marco zero da produção de quadrinhos em Curitiba, com o trabalho do chargista Alceu Chichorro (1896-1977), passando pela criação da Grafipar nos anos 1970, e pela fundação da Gibiteca de Curitiba, em 1982, a produção de quadrinhos paranaenses e tudo que a envolve só cresce em importância e influência. A partir de 2011, a Bienal de Quadrinhos de Curitiba fez girar essa roda criativa, ao proporcionar reconhecimento a artistas nacionais e de fora do país, e acesso formativo e inteiramente gratuito ao seu público enorme, tão diverso e universal como a própria nona arte.
A Bienal de Quadrinhos de Curitiba é um dos mais importantes eventos de HQ do Brasil. A cada dois anos, cria uma espécie de suspensão, em que proporciona o contato de artistas renomados com iniciantes, debates sobre temas urgentes e processos criativos, impressões e possíveis resoluções para a realidade, que ora inspira, ora intima. Palestras, encontros, feira de HQ, lançamentos de livros, sessões de autógrafos e oficinas completam a missão de fortalecer e incentivar a leitura e o desenvolvimento desta linguagem que é, acima de tudo, popular.
O autor coreano Kim Jung Gi em performance no MuMa, em 2014.
Em 7 edições, um público estimado de 140 mil pessoas foi contemplado com a reunião de importantes autores de diversas gerações, que pensaram e desenharam a história de ontem e do amanhã. O evento acontece no MuMA - Museu Municipal de Arte, em Curitiba, espaço de arquitetura convidativa e com uma ampla área externa.
Em sua segunda edição, em 2012, a Bienal arrebatou os dois principais prêmios nacionais para eventos de HQ: o de Melhor Evento no 25o HQMIX e o Troféu ngelo Agostini, pela Associação Paulista de Quadrinhos. Na edição de 2018, com o tema "As Cidades nas HQs", a Bienal recebeu oito indicações ao Prêmio HQMix para Melhor Exposição.
Em 2019, numa parceria com o Ministério das Relações Exteriores, elaborou a criação do Programa Brasil em Quadrinhos, para a promoção do quadrinhos nacional em diversos projetos de publicações, exposições, palestras, oficinas, gibitecas e a circulação de obras e artistas brasileiros em eventos e festivais internacionais. Em 2020 e 2021 recebeu o Troféu HQmix pelas exposições Angola Janga, de Marcelo D´Salete e Morro da Favela, de André Diniz, na circulação em Portugal, Angola e Moçambique. Em 2023, a Bienal é contemplada com o Troféu HQMIX para Grande Contribuição pelo desenvolvimento do Programa Brasil em Quadrinhos.
Com respeito e respaldo nacional e internacional, a Bienal está em constante processo de evolução e expansão. Seja na articulação com seus diversos parceiros, que incluem embaixadas, secretarias, fundações e institutos de cultura, seja na renovação da curadoria múltipla, composta por artistas, jornalistas, críticos e tradutores de HQ.
Em dias intensos de trocas e influência criativa, consolidou seu propósito de diálogo sócio-cultural, seja no acesso gratuito a toda a programação, no incentivo à criação de redes de promoção e produção dos quadrinhos, seja nos rastros deixados nesses mais de 10 anos de realização de um evento independente, sem fins lucrativos.
A Bienal não busca fins. A Bienal busca recomeços, continuidade e caminhos a serem compartilhados e transformados por meio da arte dos quadrinhos em toda a sua potência.