Apresentação

Das primeiras experiências em quadrinhos, as histórias para a revista Balão, editada por Luiz Gê, até a concretização do primeiro álbum de Arrigo Barnabé, Clara Crocodilo em 1980, um diálogo investigatório entre os artistas vai se firmando, até render mais frutos nos anos seguintes.

Luiz Gê é um pensador das HQs. Além das invenções e das possibilidades reveladas pelas histórias em si, ele também se dedica a analisar e a pensar sobre as características exclusivas do meio. Logo no início deste percurso, o quadrinista paulistano descobriu as conexões possíveis entre quadrinhos e música. Só por isso, ele seria candidato à uma homenagem da edição musical da Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Sorte a nossa que a parceria com o amigo Arrigo Barnabé torna concreta as conexões entre quadrinhos & música e faz obrigatória uma investigação das possibilidades abertas pelas parcerias dos dois.

Das primeiras experiências desenvolvidas na década de 1970, as histórias para a revista Balão, editada por Luiz Gê, até a concretização do primeiro álbum de Arrigo Barnabé, “Clara Crocodilo” em 1980, um diálogo investigatório entre os artistas vai se firmando, até render mais frutos nos anos seguintes. Esta miniexposição traz luz para as principais obras que a parceria produziu em mais de duas décadas, muitas vezes revelando trabalhos que foram apresentados poucas vezes, mas que merecem muito mais olhos e ouvidos dispostos a tragá-los.

Esta exposição online faz um pequeno recorte da extensa obra de Luiz Gê. Também não se ocupou de rastrear todas as capas de disco e projetos de design que o desenhista criou para produções de Arrigo. O foco é nos trabalhos colaborativos entre os dois artistas, onde eles se juntaram para criar uma obra única. Uma espécie de introdução à grande exposição dedicada à carreira de Luiz Gê que será montada, aí sim fisicamente, na Bienal de Quadrinhos programada para 2021.

Origens

Durante os anos 1970, Luiz Gê consolidou sua carreira de quadrinista, criou a revista Balão e colaborou com veículos como O Pasquim, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Isto É e Placar. Enquanto isso, Arrigo trocava figurinhas com Itamar Assumpção, com os grupos Rumo e Premeditando o Breque, movimento que ficou conhecido como Vanguarda Paulistana.

Luiz Gê nasceu em São Paulo e cursava a FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) quando criou a revista Balão, seminal para o quadrinho underground brasileiro, verdadeiro divisor de águas da qual Laerte também participava. Ao longo dos anos 70, ele desenvolveu uma série de histórias que têm acolhida na imprensa alternativa da época. Luiz conheceu Arrigo em 1969, quando os dois se esbarraram no cursinho, o Anglo Latino, na Rua Tamandaré do bairro Liberdade, em São Paulo.

Arrigo Barnabé nasceu em Londrina, transitou por Curitiba por um ano e rumou para São Paulo - para fazer o dito cursinho em busca de uma vaga no curso de Engenharia Química. A música já martelava em sua cabeça. Arrigo cursou Arquitetura e Urbanismo na FAU e, na sequência, Composição, na ECA-USP. Mas na verdade Arrigo já era músico - ou sempre foi? Ele havia passado pelo Conservatório de Música, em Londrina, e era conectado à música erudita desde a adolescência. Este período meio torto e indeciso, segundo o próprio artista, foi fundamental para a construção da sua carreira de compositor e intérprete. Neste percurso, o encontro com Luiz Gê foi decisivo, porque aproximou Arrigo dos quadrinhos definitivamente. Um exemplo: a exposição sobre quadrinhos no Museu do Louvre, na França, trazido ao MASP em 1970, lhe foi apresentada por Gê. Os encontros serviram também para que os dois, inquietos, desvendassem detalhes escondidos da cidade de São Paulo, feito que serviu de inspiração para várias histórias de ambos, na música e nos quadrinhos.

Na gráfica da FAU com a primeira Balão nas mãos em 1972.

Durante os anos 1970, Luiz Gê consolidou sua carreira de quadrinista, criou a revista Balão e colaborou com veículos como O Pasquim, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Isto É e Placar. Enquanto isso, Arrigo trocava figurinhas com Itamar Assumpção, com os grupos Rumo e Premeditando o Breque, movimento que ficou conhecido como Vanguarda Paulistana. Ao mesmo tempo, preparava o material que daria origem ao seu primeiro e revolucionário disco, “Clara Crocodilo”, lançado em 1980 como a maior novidade musical do país desde a Tropicália.

Capas da revista Balão que foi publicada entre 1972 e 1975 e que publicou autores como Laerte, Paulo e Chico Caruso, Flávio Del Carlo, Ignatz, Xalberto, Lúcia Coutinho e Conceição Cahu. Capas das revistas Versus Quadrinhos (1976) e Livrão de Quadrinhos (1977).

Angeli, Paulo Caruso e Luiz Gê na Folha de São Paulo em 1976.

Bang-Bang do Fareast, publicada no Ovelha Negra e na Antologia Brasileira de Humor em 1976. Baseada em História de um Homem Mau (Ol’ Man Mose de Louis Armstrong - Zilner Trenton Randolph) na versão de Roberto Carlos. Vídeo no Youtube

Oba Oba

Uma história em quadrinhos de uma página serviu de base para que Luiz e Arrigo conversassem sobre como música e quadrinhos poderiam dialogar. Sobre como a arte tem a capacidade de se desdobrar, de ocupar espaços simultâneos em suas diferentes variações.

Foi na revista Balão, criada em 1972, que Luiz Gê publicou uma história aparentemente despretensiosa, mas que, segundo ele, registra uma série de pensamentos sobre a linguagem dos quadrinhos. Publicada na edição de número 3, a Oba Oba, de apenas uma página, propunha várias possibilidades de leitura. Era uma obra aberta, um aceno à interatividade. Essa página serviu de base para que Luiz e Arrigo conversassem sobre como música e quadrinhos poderiam dialogar. Sobre como a arte tem a capacidade de se desdobrar, de ocupar espaços simultâneos em suas diferentes variações.

Ao mesmo tempo, a leitura aberta e ramificada da Oba Oba prenunciava o que a tecnologia nos proporciona hoje: uma participação interativa do leitor. Algo que Luiz Gê desenvolveu já nos anos 90 com uma HQ criada como abertura do site da NET Brasil, em 1997.

Oba Oba é uma história que saiu na revista Balão n.3 em 1973. Ele tem um sistema de leitura aberta que pode ser feita em diagonal em vários sentidos como é demonstrado no diagrama de leitura que faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Pesquisa e desenvolvimento de linguagem narrativa interativa em meio analógico: estrutura para o hipermediático, de 2012”

Esboço para navegação da HQ interativa feita para a NET em 1997.

Viagem ao Centro do Universo publicada na revista Chiclete com Banana em 1990 em que Luiz Gê quebra a linearidade dos quadrinhos, uma experiência que identifica como um desejo antigo e que seguirá explorando em outros projetos.

Trechos de ‘Pesquisa e desenvolvimento de linguagem narrativa interativa em meio analógico: estrutura para o hipermediático’, pesquisa onde Luiz Gê apresenta um projeto para uma versão interativa com sons e música da história Viagem ao Centro do Universo.

Luiz Gê conta um pouco sobre o desenvolvimento da narrativa visual a partir de Oba Oba até a Viagem ao Centro do Universo. (gravado em SP, em Fevereiro de 2020)

Clara Crocodilo

Luiz Gê estava visitando o músico durante as férias e, ao mesmo tempo em que ele finalizava a história que iria sair na Folha de Londrina, Arrigo e Mário Lúcio Cortes estavam ao piano, compondo as primeiras versões da música Clara Crocodilo.

As músicas do disco “Clara Crocodilo” vinham sendo compostas desde 1971. Quando o álbum foi lançado, em 1980, a primeira parceria entre Luiz Gê e Arrigo também surgiu. Mas a dupla já vinha tramando desde antes.

Segundo Arrigo, a primeira história publicada por Luiz foi na Folha de Londrina em 1971. O ilustrador estava visitando o músico durante as férias e, ao mesmo tempo em que ele finalizava a história que iria sair no jornal, Arrigo e Mário Lúcio Cortes estavam ao piano, compondo as primeiras versões da música “Clara Crocodilo”. De alguma maneira, a carreira dos dois começava. Ao mesmo tempo.

Histórias publicadas na Folha de Londrina em 1971. Cor aplicada por Luiz Gê digitalmente.

“Clara Crocodilo”, a música, passou por várias versões até ser gravada. Luiz Gê foi testemunha privilegiada desse desenvolvimento. Durante esse tempo, os dois conversaram sobre as possibilidades de fazer música e quadrinhos se fundirem. “Clara Crocodilo”, a música e o disco, se alimentam evidentemente do universo dos quadrinhos, seja na narrativa, na apresentação dos personagens e na cidade descrita. Era a influência de Luiz Gê que, de alguma maneira, virava música.

Arrigo, com suas participações em festivais e o lançamento do disco foi saudado como uma renovação da MPB. Seu atonalismo e apresentações teatrais, baseadas em cultura popular como rádio e quadrinhos fizeram uma marca profunda na música dos anos 80.

Arrigo Barnabé na época do lançamento do disco Clara Crocodilo. Foto de divulgação.

Capa do disco feito pelo Luiz Gê, ilustração e design.

Capa interna do disco com a Banda Sabor de Veneno: 1. Regina Porto; 2. Bozo; 3. Paulo Barnabé; 4. Gi Gibson; 5. Rogério; 6. Otávio Fialho; 7. Ronei Stella; 8. Chico Guedes; 9. Baldo Versolatto; 10. Mané Silveira; 11. Félix Wagner; 12. Suzana Salles; 13. Vânia Bastos; 14. Arrigo Barnabé. Imagem divulgação, arte de Luiz Gê.

Arrigo Barnabé apresenta Diversões Eletrônicas no Festival Universitário da MPB em 1979.

Orgasmo Total (Arrigo Barnabé) com Arrigo e Orquestra à Base de Sopro - Conservatório de MPB de Curitiba / Regência: Sérgio Albach / Adaptações para orquestra: Luis Otávio Almeida / Cantoras convidadas:- Helena Bel, Thayana Barbosa e Daniella Gramani. Teatro Guaíra, Paraná, 2009.

Sabor de Veneno (Arrigo Barnabé) com Arrigo e Orquestra à Base de Sopro - Conservatório de MPB de Curitiba / Regência: Sérgio Albach / Adaptação para orquestra - Gabriel Schwartz / Cantoras convidadas: Helena Bel, Thayana Barbosa e Daniella Gramani. Teatro Guaíra (2009)

Clara Crocodilo (Arrigo Barnabé e Mário Lúcio Cortes) com Arrigo e Orquestra à Base de Sopro - Conservatório de MPB de Curitiba / Regência e adaptação para orquestra: Sérgio Albach / Cantoras convidadas: Helena Bel, Thayana Barbosa e Daniella Gramani. Teatro Guaíra (2009)

Tubarões Voadores

O terror urbano é base para uma experiência incomum: uma história em quadrinhos recebe uma trilha. Mais do que isso ela é transposta para música.

No segundo disco de Arrigo Barnabé, a parceria com Luiz Gê tem mais corpo. A começar pela composição da música que dá nome ao álbum, assinada pela dupla. O encontro vai além da clássica divisão entre letra e música, padrão no cancioneiro brasileiro. A contribuição do desenhista foi uma história em quadrinhos, que ganhou trilha sonora própria. É uma história que vale a pena repetir.

Arrigo estava em meio à produção do seu segundo disco, a sair pela gravadora Ariola em 1984. O músico fez uma visita a Luiz Gê para se inteirar sobre os estudos que o ilustrador fazia para a capa do disco - que a princípio iria se chamar “Crotalus Terriíficus” - quando se deparou com a história chamada Tubarões Voadores. Arrigo, encantado, decidiu fazer uma música para aquilo. “Era a música que faltava para o disco”, diz. A faixa virou o título do álbum, e a HQ faz parte do encarte: deve ser lida e escutada ao mesmo tempo.

Capa e contra-capa do disco Tubarões Voadores, arte e design de Luiz Gê.

Tubarões Voadores, a história, nasceu a partir de uma conversa entre o jornalista e escritor Dagomir Marquezi e Luiz Gê. Na parede do estúdio do ilustrador, havia um pôster dos aviões P-40, parte do esquadrão dos Tigres Voadores, apelido de um grupo de pilotos da força aérea norte-americana. Dagomir sugeriu: por que não criar uma história sobre tubarões voadores? Antes que Luiz Gê conseguisse corrigir e dizer que aquilo eram tigres e não tubarões, ele já imaginou tubarões invadindo São Paulo e começou a freneticamente desenhar a história diante de um estupefato Marquezi que presenciou o momento exato em que imagens mentais viram história em quadrinhos.

História Tubarões Voadores encartada no disco.

Foi essa a história que Arrigo musicou. Ele atuou como verdadeiro compositor de trilha para cinema: cronometrou a leitura de cada trecho, ou de cada quadrinho, e compôs usando o texto, sublinhando musicalmente os acontecimentos. Luiz Gê comentou sobre o resultado final e terminou por escrever um artigo acadêmico, em que faz uma análise da história, e da sua transposição para a faixa. Segundo ele, a música transformou virtualidade em concretude.

Luiz Gê e os Tigres Voadores na época da revista Circo.

Animação feita por Márcio Ribeiro.

Show ‘Tubarões Voadores’ gravado pela TV Cultura no Sesc Pompéia em 1985. Acapulco Drive In com Arrigo Barnabé e Vania Bastos / teclados: Bozo Barreti / guitarra: Tonho Penhasco / contrabaixo: Otavio Fialho / percussão: Paulo "Patife " Barnabé / bateria: Duda Neves

O Homem dos crocodilos

O segundo projeto em que o quadrinista Luiz Gê e o músico Arrigo Barnabé conseguiram fundir suas criações foi na ópera “O Homem dos Crocodilos”. Aqui, as histórias em quadrinhos servem como elemento narrativo atuante. A história que Luiz Gê desenha é lida durante a ópera e revela ao público a continuidade da trama. É viva.

A música é de Arrigo, e o libreto é de Alberto Muñoz. A montagem foi apresentada em São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires entre os anos de 2001 e 2012. Em 2015, o Theatro São Pedro (SP), recebeu reencenação do espetáculo.

A ópera é sobre um compositor que procura um analista para tratar de uma crise profunda, criativa e pessoal. E nem tudo é ficção. Arrigo Barnabé passou por uma crise em 1994. Nessa época, encontrou por acaso um texto que fazia citação a “O Homem dos Lobos”, personagem dos mais fascinantes que ocupam a galeria dos analisados por Freud. Arrigo, então, se coloca no lugar do homem dos lobos, mas transformado em “O Homem dos Crocodilos”, e assim desenvolve uma trama com este novo personagem.

O cenário desenhado por Luiz Gê era composto por duas telas translúcidas, que com efeitos de cor e iluminação, permitia a visualização do que estava atrás dela. Num dado momento, a trama se interrompe, e a história é continuada com o auxílio de uma HQ, lida pelo público na companhia de Arrigo.

Cartaz para a primeira montagem da ópera, design de Luiz Gê, 2001.

Primeira montagem de O Homem dos Crocodilos no CCBB, São Paulo em 2001.

Trecho da ópera O Homem dos Crocodilos, apresentada em Buenos Aires, setembro de 2003.

Trecho da ópera O Homem dos Crocodilos, apresentada em Buenos Aires, setembro de 2003.

História em quadrinhos, O Caçador de Crocodilos, feita por Luis Gê que era lida pelo público num momento da ópera e completava a trama.

Desenhos de estudo e artes para o cenário da segunda montagem de O Homem dos Crocodilos no Theatro São Pedro, São Paulo em 2015

Fotos da segunda montagem de O Homem dos Crocodilos no Theatro São Pedro, São Paulo em 2015

Até que se apaguem os avisos luminosos

Uma obsessão de Luiz Gê ganha asas em uma pocket-ópera de Arrigo: aviões, guerra e movimento acelerado são constantes em sua obra desde o princípio até histórias inéditas mais recentes.

Uma segunda ópera, dessa vez chamada de pocket-ópera, trouxe novamente a colaboração mútua dos artistas. Dessa vez com um tema que é uma das grandes obsessões de Luiz Gê: o vôo, os aviões.

Até que se Apaguem os Avisos Luminosos tem música de Arrigo Barnabé, texto de Bruno Bayen e foi apresentada em agosto de 2005 no Teatro Sesc Ipiranga, em São Paulo. Numa viagem entre São Paulo e Paris, ou vice-versa, uma jornalista que vai fazer um documentário sobre Santos Dumont se senta ao lado de um ator, sósia de Santos Dumont. O ator se transmuta pouco a pouco no personagem. O tema central do espetáculo é o vôo e o sonho de voar.

O cenário do Luiz Gê se expande além do palco: traz duas asas mecânicas que além de se moverem servem como tela para projeções que se encadeiam umas atrás das outras: imagens de arquivo, animações. São asas que se projetam sobre o público e estão em constante transformação.

Luiz Gê e maquete para cenário do espetáculo

Estudos para cenário e figurinos de Luiz Gê.

Fotos da montagem da ópera no Sesc Ipiranga em 2007.

Aviões, principalmente aviões de guerra, são constantes na obra de Luiz Gê e ele já os utilizou de inúmeras maneiras. Os tubarões voadores tem sua origem nos aviões (dos Tigres Voadores) e seu vôo sobre São Paulo é um retrato do horror que pode, vindo dos céus, se abater sobre uma população. Trabalhos ainda não publicados de Luiz Gê exploram essa relação entre o vôo e a guerra, entre a liberdade e a distopia gerada pela tecnologia, de uma maneira plástica e ao mesmo tempo crua.

Páginas de um trabalho inédito de Luiz Gê, uma quadrinização de um trecho de livro de Pierre Clostermann, realizada em 1988.

História de Luiz Gê publicada na Revista Moving Parts do Royal College of Art, baseada num poema de W. B. Yeats, realizada em 1988.

Animação baseada na HQ ‘Um Aviador Irlândes’ feita por Vitor Ferreira Martins, que criou também a música.

Luiz Gê e o Desenho. (Gravado em SP, em Fevereiro de 2020)

REALIZAÇÃO
Bienal de Quadrinhos de Curitiba

CURADORIA
Mitie Taketani
Fabio Zimbres
Vadeco Schettini

TEXTOS
Fabio Zimbres
Mitie Taketani
Cristiano Castilho

REVISÃO
Cristiano Castilho

PRODUÇÃO EXECUTIVA
Fabrizio Andriani
Luciana Falcon

PROJETO EXPOGRÁFICO
Camilo Maia

APOIO TÉCNICO
Noah Mera
Edição de vídeos
Fabrizio Rosa

ACERVO
Luiz Gê
Arrigo Barnabé
Conservatório de MPB de Curitiba

AGRADECIMENTOS
Franco de Rosa
Nobu Chinen
Michele Rezende
Sérgio Albach